bertolt brecht, alguns links

Como alguns estão a par, o querido Flávio Vassoler e eu ministramos um curso de extensão universitária, concedido pelo Centro Ángel Rama na FFLCH-USP. Estamos bem animados, como a turma pode atestar.

Ontem a aula versou sobre Bertolt Brecht (1898 —1956) e a peça “A alma boa de Setsuan” (“Der gute Mensch von Sezuan“). Prometi fazer uma lista com algumas referências sobre o tema aqui no blog, assim outras pessoas também teriam acesso.

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Vamos lá:

[texto] utilizamos a tradução de Geir Campos e Antônio Bulhões que consta na coleção de referência “Bertolt Brecht, Teatro completo: em 12 volumes”, que foi publicado pela Editora Paz e Terra no final dos 90. A peça está no volume 7.

Comentamos sobre a dificuldade de traduzir o “Mensch” do título, “pessoa” em alemão, substantivo com gênero neutro, termo que é relevante para a peça, cuja protagonista se apresenta tanto como mulher, quanto como homem. A escolha dos tradutores brasileiros ficou em “alma”. O Marcio fez uma observação importante – que na tradução ao inglês, feita pelos tradutores Tony Kushner e Tom Kuhn em 2012, a escolha ficou em “person“: “The Good Person of Szechwan” (o que no português não sei se soaria tão bem).

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[parceria com kurt weill] acho que seria legal vocês procurarem google a fora e escutarem algumas composições memoráveis.

Encontrei este post bem completo da Niomar sobre o tema: Kurt Weill e Bertold Brecht, parceria notável para a música dramática do século XX. E a instigante prostituta Jenny / Gení.

E gosto deste outro post, do Antonio Cícero, com a tradução de Nelson Ascher à canção “Die Moritat von Mackie Messer”, composição que o Chico Buarque irá adaptar e utilizar como espinha dorsal na “Ópera do Malando”.

Também mencionamos a “Alabama Song”, que foi escrita em 1925 e traduzida ao inglês com a ajuda da Elisabeth Hauptmann. Em 1927, Kurt Weill faz a composição, com elementos de blues e foxtrote para a peça “Aufstieg und Fall der Stadt Mahagonny” (“Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny”) – era cantada em inglês mesmo. A canção que foi eternizada pelo The Doors (com uns acréscimos meio mais ou menos na letra, preciso te alertar) e foi gravada por muita gente ainda. Encontrei uma interpretação da Nina Hagen (a tal ‘garota de Berlim do Supla’) e uma do David Bowie (!) pro Daud se alegrar.

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[diferentes estilos de atuação e efeito de estranhamento]. Conheço poucos vídeos que mostram de maneira tão didática estilos de atuação diferentes como esta cena do “Cidadão Kane”, de Orson Welles. A atriz Agnes Moorehead, que interpreta a mãe, Mary Kane, atua em um estilo mais afastado, bretchiano poderíamos dizer. O ator Harry Shannon, pai, atua em um estilo mais stanislavskiano. Mesmo que você não compreenda bem o inglês, observe as várias triangulações que os atores fazem ao trocarem de lugar e as diferenças nos gestos (não encontrei esta cena com legendas, se alguém encontrar, agradeço!).

O Marcio ainda me enviou um vídeo legal e que imagino que irão gostar: trata-se do making off da peça “Mãe Coragem” montada nos Estados Unidos, em que atua a Meryl Streep – inclusive encontrei uma entrevista rápida com Tony Kushner sobre esta montagem.

Indico ainda este texto de Huang Zuolin que traz apontamentos muito interessantes: “o efeito de estranhamento na interpretação do teatro chinês” (tradução de Robson de Corrêa Camargo).

Se você quiser ir mais longe e refletir sobre as aplicações do efeito de estranhamento no Brasil contemporâneo, não deixe de ler o texto do Roberto Schwarz “Altos e Baixos da Atualidade de Brecht”, que está em “Sequências Brasileiras“, publicado pela Cia. das Letras.

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Amanhã postarei indicações de peças e, mais a frente, excertos do “Diário de Trabalho”. Boa navegação!

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