O amor habita todos os tempos, apresentação de Francesca Cricelli

diário de campo: livro novo, processos, orelhas
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Convidar alguém para dizer do livro, orelhas, prefácio, é das tarefas mais delicadas. Neste gesto de entrega e confiança, não tive muita dúvida em quem queria que escrevesse a apresentação do livro novo, a novela O amor – o dia em que Rimbaud decidiu vender armas: a Fran!

Francesca Cricelli não é somente poeta de risada contagiante. É estudiosa de cartas de amor, as traduz, as organiza. Conversar com a Fran me faz um bem danado. Tive a intuição que ela entenderia o livro. Não me enganei. Com o bate-bola com o Bruno Zeni, editor, transformamos o que era orelha em apresentação. Um texto limpo, generoso, que conversa tanto com os materiais do livro.

Obrigada, Fran, pelo amor, pela poesia, que bonito a gente poder celebrar isto tudo em vida!

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Apresentação
Do amor – o dia em que Rimbaud decidiu vender armas

Por Francesca Cricelli

 

O que permanece em nossa escrita com o passar do tempo? Quanto da prosadora e poeta navegada Ana Rüsche se presentifica nesta novela de amor? Há um núcleo em nós, como no alinhavado das palavras, que perdura, pois contém em si o passado e o futuro. É como o nascimento de um botão de tulipa – o caule leva tempo para espichar mas nele já há o prenúncio da flor que não é mais tubérculo.

O amor habita todos os tempos. É aquático, fluido, molda-se aos querubins da noite paulistana mid-2000, viaja para Harar, na Etiópia, espera na livraria Cultura, salta com as palavras pela tela. O amor está no bombom, na boca e no celofane.

Tudo perpassa mas não se desarticula do olhar atento e inserido no mundo, o olhar político da autora e de sua narradora que já em 2007 colhiam – demasiado contemporâneas – os prenúncios de uma crise e obscurescência do país.

Alma lírica e política a da Rüsche, com ecos de Goethe, Baudelaire, Blake, Milton, Pepetela, Virginia Woolf, Raúl Zurita e seu amor pegado a las rocas y a las montañas.

Uma novela que conduz e seduz pela prosa e seus enxertos de poesia, pelos recursos brechtianos, uma ficção que é ensaio e história e não coloca em plena luz nem o oculta – o mistério – que completa o título.

La Rüsche nos carrega da sua Augusta a Harar, onde Rimbaud vendeu armas, para repensarmos com ela quando e se iremos depor as armas do amor e juntarmo-nos ao poeta rebelde.

Há escritas como esta que encarnam todos os tempos pois atravessam uma década carregando o quinhão do eterno, aquele grão de areia que se apega à palma, aquele do qual não se abre mão.

 

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Francesca Cricelli (1982-) é poeta, pesquisadora e tradutora. Publicou Repátria no Brasil (Selo Demônio Negro, 2015) e na Itália (Carta Canta, 2017) e 16 poemas + 1 em Nova Iorque (edição de autora, 2017) e em Reykjavík (Sagarana forlag, 2017), livro mais vendido em todas as categorias na primeira quinzena de outubro da Mál og menning. Organizou as cartas de Ungaretti a Bruna Bianco (Mondadori, 2017) e traduziu, entre outros, Elena Ferrante (Biblioteca Azul, 2016). Doutoranda em Estudos da tradução na USP. Leciona intecção literária na Casa Guilherme de Almeida e foi professora do CLIPE Poesia 2017 na Casa das Rosas. Leia poemas da Francesca no Escamandro. Fotografia de Erica Viggiani Bicudo

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Título: Do amor – o dia em que Rimbaud decidiu vender armas
Autora: Ana Rüsche
15 cm x 22 cm
R$ 52,00 (R$ 45,00 nos dois lançamentos abaixo)
106 páginas
Editora Quelônio
São Paulo, 2018

Leia um trecho no Nexo Jornal: ‘Do Amor’: um encontro entre autoficção, poesia e ensaio

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LANÇAMENTOS

24 de fevereiro de 2018, das 13h às 18h
Lançamento na Tipografia Quelônio
Rua Venâncio Aires, 1072, Pompeia, São Paulo (SP)
a 250 metros do SESC Pompeia
Às 11h30 haverá visita guiada à tipografia [detalhes em breve]
Evento no facebook

3 de março de 2018, 16h
Debate | Do amor: prosa poética e poemas em prosa
Com Geruza Zelnys e Lucas Verzola
Tapera Taperá. Galeria Metrópole. 2º andar, loja 29, Av. São Luís, 187 – República, São Paulo (SP)
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