A telepatia são os outros: livro novo!

A telepatia são os outros

A telepatia são os outros é meu livro novo e inaugura a coleção Universo Insólito da Monomito Editorial.

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Após a perda da mãe e sua demissão depois de quinze anos de trabalho em uma clínica de fisioterapia, Irene vê sua vida mudar significativamente aos 50 anos.

O luto e a falta que sente da rotina fazem com que se sinta estagnada, perdida diante das decisões que precisa tomar para seguir adiante, até que uma súbita viagem ao interior do Chile põe Irene em contato com conhecimentos ancestrais de uma pequena comunidade rural e em meio a uma disputa internacional: um cientista americano está tentando patentear a telepatia.

Entre conexões telepáticas, empanadas e intrigas, Irene terá pela frente uma jornada onde autoconhecimento e empatia se misturam quando se pode convidar os outros a partilhar de sua própria mente, e onde o poder da tecnologia sobre os modos de conexão entre as pessoas na era da internet é posto em xeque.

Título: A telepatia são os outros
Autora: Ana Rüsche
Coleção Universo Insólito
Monomito Editorial
São Paulo, 2019
120 páginas
ISBN 978-85-907522-8-8
Compre no site da editora

Edição: Toni Moraes
Preparação: Hugo Maciel
Revisão: Adriana Chaves
Capa e ilustrações: George Amaral
Leitura sensível: Uva Costriuba e Viviane Nogueira



Prefácio

Acessos, Conexões & Enigmas:
A telepatia são os outros, de Ana Rüsche

Por Enéias Tavares *

A poesia de Ana Rüsche é permeada de imagens e cenas que cairiam bem à prosa. Quanto à sua prosa, cada linha encerra a sinuosidade fugidia e a essencialidade característica da poesia. Se aquela precisa conter cenas marcantes, personagens enigmáticos e conflitos à beira da ebulição, esta demanda uma atenta capacidade perceptiva, além de uma certeira precisão, presente na escolha de cada verso, palavra e letra.

De imediato afirmo, A telepatia são os outros compreende essas duas dimensões.

A trama aproxima as descobertas existências de sua protagonista das ondas contemporâneas da modernidade, da tecnologia e do conflito político, presentes no mundo habitado por ela, um mundo – não por coincidência – muito próximo do nosso. Em uma época de extremas oposições, onde a conexão informacional e tecnológica parece suplantar a conexão humana, são raras as obras de ficção que conseguem fazer avançar qualquer debate. Ainda mais no que tange a evitar nossa atual e desesperada necessidade de se estar sempre feliz. Não devemos nos enganar quanto a isso, a narradora de Rüsche parece nos alertar, afinal

A felicidade é uma coisa cansativa.

Da primeira à última página, num romance de leve leitura e profundas reflexões, acompanhamos a jornada mundo afora e alma adentro de Irene, uma mulher que longe de viver uma crise de meia idade – a literatura e a vida já estão cheias delas, não? – parte para o Chile em direção a uma comunidade alternativa que busca, a partir de experiências sensoriais e narcóticas, a conexão absoluta. Isso enquanto o tecnicista William Fredrick Dogd anuncia ao mundo que está prestes a controlar a conexão física, digital e astral.

Numa contemporaneidade na qual a popularidade digital/virtual/irreal parece suplantar a realidade das sensações, afetos e experiências, somos nós, como leitores que embarcamos na jornada de Irene. E somos nós que também acabamos por constatar que

Para avançar é necessário perder o controle.

Num título que alude a Sartre mas se afasta dele justamente ao propor comunhão e aproximação, quebra de barreiras e desconstrução de limites, Irene encontra num grupo de outros aventureiros mentais, entre eles Paco, Lucía e Jorge – coadjuvantes nem um pouco secundários ou irrelevantes – pontes de afeto e redescoberta do e no mundo. Esse contato com o outro parece caro à autora e seus efeitos sobre a narrativa são perceptivos. Além da construção dessas pontes de compreensão e intimidade, a meta de Irene é ainda mais ousada: transformar-se em uma pesquisadora, do mundo e de si. O objetivo da arte – visual, musical, narrativa, performática – não seria justamente esse?

Voltando à poesia, pois continuo supondo que ela faz parte deste livro tanto quanto o ar que sua autora respira, seu desafio é comunicar muito em tão limitado espaço. Para os leitores de A telepatia são os outros, a constatação é similar. É uma novela rápida, ousada e intensa, para lermos no silêncio noturno ou no caos do dia, entre uma acordar e um adormecer. Mas seu efeito é duradouro, fazendo-nos pensar se Rüsche não estaria entre aquelas raras autoras que

Leram o futuro e sabem como tudo termina.

Talvez ela não tenha ido tão longe assim. Mas sua ficção, com certeza, foi. Afinal, a arte configura um espaço próprio no qual as narrativas possíveis de realidades irrefutáveis podem se materializar, indicando caminhos improváveis e redescobertos encantos. Como o chá presente no enredo de sua novela, é a arte que pode e deve nos fazer escancarar a porta do quarto de bagunça da mente.

Em sua linguagem singela e poética e em suas cenas construídas com eficácia e delicadeza, podemos acompanhar capítulo a capítulo não apenas as transformações da protagonista como também as mutações de um mundo carente de sentido e sedento de controle pelos enigmas ainda não resolvidos. Nesse aspecto, A telepatia são os outros contém grandes terremotos, tanto sísmicos quanto existenciais. Espero que o leitor e a leitura tenham redes de proteção e travas de contenção para a sua própria segurança. Caso não, não há problema. Afinal,

Há uma beleza nas encruzilhadas.

E Ana Rüsche parece compreender a beleza irrefutável de seus enigmas.

* Enéias Tavares é professor de Literatura na Universidade Federal de Santa Maria, onde também pesquisa os livros iluminados de William Blake e literatura fantástica. De ficção, publicou A Lição de Anatomia do Temível Dr. Louison (LeYa), Guanabara Real – A Alcova da Morte (AVEC), este em parceria com AZ Cordenonsi e Nikelen Witter, e O Matrimônio de Céu & Inferno (AVEC), graphic novel ilustrada por Fred Rubim. Junto de Bruno Anselmi Matangrano é o responsável pela exposição e pelo livro Fantástico Brasileiro (Arte & Letra). Ele vive num velho casarão colonial entre manuscritos antigos e portais espaço-temporais, tendo sua proteção garantida por duas panteras disfarçadas de adoráveis e geniosas gatinhas. Para mais informações sobre seus livros, projetos e cursos, acesse www.eneiastavares.com.br


Trata-se de uma novela de grandes terremotos,
tanto sísmicos quanto existenciais.

– Enéias Tavares

Compre o livro com a Monomito Editorial

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